Fran Nascimento tem MBA em Finanças pelo Insper e mais de 25 anos de experiência no mercado financeiro. Saiba mais aqui .
Setembro foi um mês desafiador para os mercados de renda fixa e de ações no Brasil e no mundo, com a abertura forte e abrupta das taxas de juros globais de longo prazo, tanto nos países desenvolvidos quanto nos emergentes. A Treasurie de 10 anos atingiu o maior patamar desde 2007, encerrando o mês em 4,57%. Títulos europeus atingiram suas máximas e os japoneses aproximaram-se do limite de referência do BoJ de 1%. Nos mercados emergentes, os títulos de 10 anos no México oscilaram 70 pontos e no Brasil, 48.
No Brasil, apesar das incertezas no campo fiscal, o Copom decidiu por unanimidade cortar mais 0,5 ponto percentual na última reunião, levando a Selic para 12,75%. De acordo com ata, a decisão foi baseada, principalmente, pela expectativa inflacionária local benigna (a elevação da inflação no acumulado de 12 meses já era esperada, porém com queda das medidas subjacentes na margem, ainda que se situem acima da meta). O Comitê recomendou também atenção ao ambiente externo, considerando “incerto”, apesar da continuidade do processo de desinflação.
O movimento de alta nas taxas de juros globais longas levou os investidores a maior aversão ao risco e trouxe alta volatilidade ao mercado de ações. As principais bolsas americanas encerraram o mês de setembro em queda, o Dow Jones apresentou uma queda de -2,36% no mês, o S&P -4,99% e o Nasdaq, -2,17% (seu pior desempenho em 2023). No Brasil, as preocupações com a execução da meta fiscal para 2024 e a inflação de serviços maior do que a esperada trouxeram grande volatilidade pro mercado e o Ibovespa encerrou o mês em leve alta de +0,71%, com 116.565 pontos, acumulando +6,22% no ano e +5,93% em 12 meses.
O IPCA - Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo apresentou alta de 0,26% em setembro, acumulando 5,19% em 12 meses e 3,50% no ano. O resultado veio abaixo das expectativas dos analistas, que projetavam alta em torno de 0,33%. O indicador foi puxado, principalmente, pelo grupo de transportes, contribuindo com 0.29% no índice, destaque para gasolina que teve alta de +2,8% e passagens aéreas +13,47%. O grupo de alimentação e bebidas seguiu pressionando o índice pra baixo, - 0,71%, destaque para carnes que impactaram -0.05%. Foi a 4ª deflação seguida nos preços desse grupo, acumulando -2,65% no período.
Recomendação: Seguimos com posições conservadoras e acompanhando as oportunidades nos mercados de crédito. A preferência é concentrar investimentos em ativos de Renda Fixa, que acompanhem a taxa de juros, inflação (Imab-5).