Mesmo sem ter um salário a criança é capaz de aprender que o dinheiro é um meio de conseguir o que ela quer e diferenciar os sonhos, que exigem algum empenho, das necessidades, que são supridas pelos pais. Estes princípios básicos foram desenvolvidos pelo palestrante André Medeiros durante “live” sobre “Educação Financeira para Crianças” realizada nesta quarta-feira, 11, para os participantes da Fundação de Previdência Complementar do Estado de São Paulo (Prevcom).
O evento virtual integra o ciclo de palestras organizado pelo programa Conta Comigo, da Prevcom, em parceria com a DSOP Educação Financeira e teve o objetivo de abordar por meio de conceitos simples a melhor maneira de tratar do assunto com os filhos e prepará-los para lidar com o dinheiro sem cometer os erros comuns dos adultos.
Para educar uma criança os pais, que em sua maioria não receberam este tipo de orientação na infância, têm de resgatar seu comportamento nesta fase da vida, quando não havia contas a pagar nem boletos, e os primeiros contatos com o que Medeiros classifica de “mesada por demanda”. Em geral, este relacionamento começa com o dinheiro para bala, sorvete, lanche na escola, entrada de cinema e passeio com os amigos. Tudo direcionado a algum gasto. Os filhos são formatados neste modelo e não é sempre assim que deve funcionar.
Dinheiro eletrônico
O educador da DSOP ressalta que o primeiro passo é mostrar porque as moedas e cédulas foram criadas e para que servem. “Sua origem vem do escambo, de um sistema de trocas, e ele existe para simplificar esta relação”, comenta Medeiros. Esta noção se perdeu e seu significado fica cada vez mais distante com o avanço dos meios de pagamento que abriu acesso a um conjunto amplo de ferramentas eletrônicas e de saída automática do dinheiro.
Por estes fatores, a figura do cofrinho é essencial. Ele é um dos principais aliados da educação financeira porque permite que a criança consiga enxergar o que está acumulando. Dentro desta simbologia se agrega o conceito de tempo. “É preciso ensinar que a criança vai guardar no cofrinho algo que não é apenas dinheiro. Ela vai compreender que há um propósito e quando ele encher poderá realizar seu sonho”.
Segundo Medeiros, os adultos devem conversar com os filhos e netos para saber quais são estes sonhos e quanto custam. É preciso entender que o tempo da criança é diferente e elencar os objetivos que ela deseja alcançar em curto prazo, os que podem demorar um pouco mais e os de longo prazo. “Com os cofrinhos ensinamos a ter calma, que há uma espera necessária para as realizações e orientá-la a guardar, eliminando o imediatismo das coisas” assinala.
Mesada
Um passo importante é mostrar como reter sempre uma parte do que se define como “mesada de terceiros”, que é o dinheiro que recebe dos avós, tios, padrinhos em ocasiões especiais. Os pais também precisam dar o exemplo. Deixar moedas jogadas pela casa, por exemplo, passa a ideia de algo sem valor. Dizer que o orçamento está apertado e sair do shopping center cheio de sacolas também é contraditório. Os filhos crescem e replicam este comportamento.
Medeiros alerta para um erro clássico que precisa ser evitado no momento em que concluir que a criança tem idade para administrar sua “mesada fixa”. “Nesta fase comete-se um erro muito grande ao vincular a mesada a prêmio ou um castigo. A gente está ensinando que o dinheiro só vem como prêmio e isso vai impactar no futuro. Cometendo equívocos como este os pais criam aquele adulto que só faz alguma coisa à base de troca ou o aluno que só se aplica se valer nota”.