A instabilidade econômica persistente, que pode se estender até o próximo ano, caracterizada pelo dólar elevado e aceleração da inflação, com impactos no comportamento da Bolsa de Valores e no mercado de trabalho, recomenda ajustar o padrão de vida e adotar métodos para reter e proteger o dinheiro.
Este cenário foi analisado pelo educador André Medeiros, da DSOP, durante palestra sobre “O poder do não na vida financeira” organizada pelo programa de educação financeira e previdenciária Conta Comigo da Fundação de Previdência Complementar do Estado de São Paulo (Prevcom).
Para Medeiros, a inflação é um componente que deve ser observado. Este indicador atingiu 1,16% em setembro e o acumulado no período de 12 meses alcançou 10,25%, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo o educador financeiro, estamos comprando cada vez menos com os recursos disponíveis. Este efeito é claramente identificado quando se abastece o carro ou nas idas ao supermercado. A inadimplência também cresceu e afeta mais de 60 milhões de pessoas no País.
As ações necessárias para atravessar esta fase crítica incluem identificar o padrão de vida, calcular os gastos e se adequar à nova realidade. “Precisamos enxergar o nosso perfil financeiro, qual a nossa situação, e, a partir daí, descobrir o caminho de saída”, afirma André Medeiros. O especialista faz ainda uma distinção entre educação financeira, que trata do comportamento, e a matemática, que é importante para os cálculos, mas insuficiente para mudar o quadro.
Para o educador, as pessoas endividadas, por exemplo, tendem a correr atrás de qualquer tipo de crédito para atender a seus compromissos de curto prazo. Neste caso é importante dizer não ao dinheiro fácil e às operações que são boas apenas para a instituição financeira. Se somam à lista as saídas no final de semana, viagens que podem ser adiadas, a residência atual que pode ser trocada por outra com custo mais barato e as compras por impulso.
Quem tem filhos pode observar que as negativas são constantes e funcionam para moldar o comportamento, assinala Medeiros. Ele destaca também que reduzir o padrão de vida não significa viver mal mas gastar menos. Desta forma é possível poupar e carimbar o dinheiro guardado que deve estar associado a objetivos individuais ou coletivos definidos.