A máxima celebrada pelo Prêmio Nobel de Economia, Milton Friedman, segundo o qual “A maior contribuição social de uma empresa é o lucro”, pautou as ações e as estratégias de grande e médias empresas ao redor do planeta, a partir da década de 1970. O cenário começou a mudar com a intensificação do debate sobre a emergência climática e ambiental, além do avanço das teses que valorizam o desenvolvimento inclusivo. Com isso, as corporações tiveram de assumir um papel, digamos, mais ativista, passando a contribuir para a solução das pautas socioambientais.
O resultado deste movimento foi o crescimento de iniciativas destinadas a gerar impacto social, ambiental e econômico, sem perder de vista a sustentabilidade da operação. Em 2021, último dado disponível, o volume de investimentos em projetos classificados nesta modalidade atingiu a marca de R$ 11,5 bilhões, de acordo com pesquisa da Aspen Network of Development Entrepreneurs (Ande). Trata-se de um montante 60% maior que o apurado no ano anterior.
O resultado deste movimento foi o crescimento de iniciativas destinadas a gerar impacto social, ambiental e econômico, sem perder de vista a sustentabilidade da operação. Em 2021, último dado disponível, o volume de investimentos em projetos classificados nesta modalidade atingiu a marca de R$ 11,5 bilhões, de acordo com pesquisa da Aspen Network of Development Entrepreneurs (Ande). Trata-se de um montante 60% maior que o apurado no ano anterior.
E este tem sido um dos caminhos adotados pela Fundação de Previdência Complementar do Estado de São Paulo (Prevcom) para diversificar sua carteira. O primeiro movimento neste sentido se deu em 2019, com a subscrição de R$ 25 milhões em cotas do fundo BTG Pactual FIP Impacto, composto de três startups que atuam em áreas consideradas vitais: educação, biotecnologia e agronegócio.
Desde então, o montante aplicado em ativos com viés sustentável e ligados aos compromissos ESG (meio ambiente, social e governança, na sigla em inglês) aumentou paulatinamente para os R$ 113 milhões atuais, com a inclusão dos fundos BNP Paribas Crédito Institucional Sustentável e Sulamérica Crédito Institucional ESG. Trata-se de um volume considerável, sem dúvida. Contudo, ainda pequeno se levarmos em conta o total de ativos geridos pela Prevcom: R$ 3,27 bilhões.
Criada em 2011 em meio ao debate sobre a Reforma da Previdência Social, a entidade começou a operar em 2013, tornando-se pioneira no segmento da administração direta. Com 49 mil associados, figura na terceira posição do setor, atrás de Funpresp Exe, que reúne os servidores federais do Poder Executivo, com ativos de R$ 9,09 bilhões, e a Funpresp Jud, dos servidores federais da justiça (R$ 3,28 bilhões)
Sustentabilidade X lucros
De acordo com Francis Nascimento, diretora de investimentos da Prevcom, este é um caminho sem volta, mas que será trilhado a partir de muito estudo e pesquisa. “Cada decisão de investimento é precedida de uma análise complexa que envolve muitas variáveis a respeito do fundo e do gestor. Todos devem estar alinhados com os princípios ESG e as regulamentações de mercado”, destaca.
Do alto de seus 25 anos de experiência nas áreas comercial e financeira, com foco em gestão de recursos, a executiva explica que esta é a melhor forma para se tomar decisões que impactam a vida de milhões de pessoas. “Nós gerimos recursos de trabalhadores e temos de zelar para que nossa carteira alcance a rentabilidade desejada.”
E estes objetivos vêm sendo atingidos. Até porque, em pleno 2024, não há mais espaço para dissociar sustentabilidade de lucratividade, como acontecia no passado recente. “Dos dez fundos de crédito em nossa carteira, dois têm classificação como Investimento Sustentável. E o que temos observado é que a performance deles tem sido bastante positiva”, destaca. Segundo Francis, a postura dos estrategistas de investimentos não pode ser passiva. Ao contrário, é preciso verificar com bastante regularidade o enquadramento dos fundos, de acordo com o seu foco de atuação.
“E isso gera uma enorme carga de trabalho que, em muitos casos se torna muito difícil no caso dos fundos que não contam com uma grande equipe de profissionais”, explica. “Uma decisão de investimento pode levar até seis meses para que seja aprovada, pois precisamos analisar muitas variáveis relativas ao produto e à gestora.”
Problemas à parte, a dirigente destaca que a entronização de conceitos nas esferas social, ambiental e da sustentabilidade no mercado financeiro se tornou um caminho sem volta. Afinal, a sociedade, em maior ou menor grau, exige isso. “Os participantes da Previcom não ficariam nada felizes em saber que o dinheiro deles está sendo colocado em uma empresa que faz desmatamento ilegal”.