Fran Nascimento tem MBA em Finanças pelo Insper e mais de 25 anos de experiência no mercado financeiro. Saiba mais aqui .
A diretora de Investimentos da Prevcom, Fran Nascimento, traça o panorama de como os mercados se comportaram em abril de 2023.
Abril foi um mês mais tranquilo para o mercado financeiro e com menos volatilidade internamente e nos mercados internacionais, com as bolsas encerrando o mês em alta moderada, a inflação global ainda com altos índices, mas dentro do esperado, e os bancos centrais mantendo suas posturas conservadoras. No Brasil, mantendo a taxa básica de juros estável, e EUA e Europa, com seus ciclos de alta. Porém, dentro de um ambiente levemente mais calmo e otimista.
No Brasil, permanecem as especulações sobre o novo arcabouço fiscal, pressão e críticas de governo e empresários à redução da taxa básica de juros. A fraqueza da atividade econômica e uma leve melhora dos índices de inflação têm levado a discussões sobre a proximidade do início do ciclo de corte de juros. Os analistas apontam juros mais baixos no final do ano. Sem opinião unânime ainda, mas a maioria acredita que o início do ciclo de baixa pode ocorrer a partir de agosto. A divulgação de mais detalhes sobre o arcabouço fiscal poderia favorecer uma aceleração para a queda, porém, o Banco Central segue afirmando categoricamente que não existe uma relação mecânica entre a aprovação do arcabouço fiscal e um eventual afrouxamento monetário, e que a deterioração das expectativas de inflação é um fator impeditivo para este movimento no atual momento.
O Ibovespa fechou o mês em 104.431 pontos, alta de +2,50%, porém acumulando queda de -4,83% no ano. Os preços seguem atrativos, porém, as preocupações com aumento da carga tributária, fim dos juros sobre capital próprio, insegurança regulatória, endividamento das famílias e mudança na remuneração do FGTS não permitiram que o mercado criasse força para buscar um valor mais justo. O grande estímulo para essa retomada pode vir com a sinalização do Banco Central para iniciar o processo de corte de juros.
As principais bolsas internacionais também não tiveram muita força, apesar dos resultados das empresas americanas terem surpreendido positivamente. O estado de alerta quanto à liquidez dos bancos regionais, a pressão inflacionária e a preocupação com a redução do nível de atividade econômica foram as maiores barreiras para essa retomada. Nos Estados Unidos, o Dow Jones e o S&P 500 tiveram altas de 2,5% e 1,5%, respectivamente. E o Nasdaq teve performance mais branda de +0,04%.
A inflação oficial, medida pelo IPCA – Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - de abril foi de 0,61%, acumulando 4,18% em 12 meses. A taxa ficou acima da expectativa do mercado, que era de 0,55%/0,58%. O impacto mais forte veio da alta de medicamentos e planos de saúde, 1,49%, seguidos por saúde e habitação.
Variação nos últimos 12 meses
Recomendação
Considerando uma leve melhora dos mercados e um possível otimismo com a proximidade do início do ciclo de queda da taxa de juros, seguimos alertas para oportunidades tanto no campo de ativos de crédito quanto no de mercado de ações mas, ainda recomendando posição conservadora. Portanto, neste momento, mantemos a preferência por investimentos em ativos de renda fixa, que acompanhem taxa de juros, inflação (Imab-5) ou em produtos com estratégias de proteção.