Fran Nascimento tem MBA em Finanças pelo Insper e mais de 25 anos de experiência no mercado financeiro. Saiba mais aqui .
A diretora de Investimentos da Prevcom, Fran Nascimento, traça o panorama de como os mercados se comportaram em julho de 2023.
Agosto foi um mês negativo e bastante desafiador para os mercados de ações no Brasil e no mundo. O aumento na aversão a risco, alta nas taxas dos títulos da dívida do governo americano, levaram a um aumento na atratividade do dólar em relação a todos os outros ativos de risco, que fechou o mês com valorização de +4,6% perante o real. A China influenciou fortemente os mercados de forma negativa, principalmente, devido a dados de desaceleração da economia e à elevação do risco associado ao setor imobiliário no país. Lembrando que o Brasil em especial é muito afetado uma vez que a China é o maior destino de exportações de commodities.
Em relação ao ciclo de redução da taxa básica de juros, o mercado aguarda a continuidade do movimento com menos -0,50 pontos percentuais de corte na reunião do Copom. Predominantemente, baseado em um quadro inflacionário ainda benigno, manutenção da meta de inflação pelo CMN em 3% (colaborando com a ancoragem das expectativas) e desaceleração da economia local e global.
Já o mercado acionário sofreu alta volatilidade com as atenções focadas no cenário político, à espera do envio do Orçamento de 2024 pelo governo federal para o Congresso Nacional. A grande discussão é como o governo irá elevar as arrecadações. Medidas como a taxação dos fundos exclusivos podem levar esses investidores a optarem por investimentos no exterior, fugindo assim, de maior carga tributária. O Ibovespa encerrou o mês em queda de -5,09%, com 115.742 pontos, e acumula +5,68% em 12 meses (devolvendo boa parte dos ganhos acumulados no ano). Além disso, apresentou fluxo negativo elevado de recursos estrangeiros, em torno de R$ 12 bilhões.
As bolsas internacionais também seguiram em baixa e com alta volatilidade, influenciadas pela possibilidade da continuação de alta na taxa de juros, divulgação de dados de atividade e de emprego, que indicaram um esfriamento no mercado de trabalho e desaceleração no PIB, o que refletiu tanto no mercado de juros quanto no mercado acionário nos EUA. A curva de juros americana de 10 anos chegou a atingir o patamar máximo de 4.35% ao longo do mês e finalizou em 4.10%. As bolsas americanas encerraram o mês de agosto em queda, o Dow Jones apresentou uma queda de -2,36% no mês, o S&P, -1.77%, e o Nasdaq, -2,17% (seu pior desempenho em 2023).
O IPCA - Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo apresentou alta de 0,23% em agosto, acumulando 4,61% em 12 meses e 3,23% no ano. O indicador foi puxado, principalmente, pelos preços da energia elétrica (4,59%). Os grupos alimentação e bebidas seguiram apresentando peso negativo de -1,26%, maior que agosto de -0,26 p.p.
Recomendação: Seguimos com posições conservadoras e acompanhando as oportunidades nos mercados de crédito e de ações. A preferência é concentrar investimentos em ativos de Renda Fixa, que acompanhem a taxa de juros, inflação (Imab-5) ou em produtos com estratégias de proteção.