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Em março, o Comite de Política Monetária do Brasil (Copom) confirmou as expectativas do mercado e fez mais um corte de 50 pontos-base (bps) na taxa básica de juros (Selic), que ficou em 10,75% ao ano e manteve a perspectiva de continuidade de cortes nas próximas reuniões. O comunicado, porém, alerta sobre o risco inflacionário e sinaliza maior flexibilização nos cortes, ou seja, a partir de maio pode não ocorrer mais um corte na mesma magnitude (50 bps). Fatores como crescimento econômico forte, gastos públicos em alta e taxa baixa de desemprego pressionam a inflação de serviços, dificultando a queda do IPCA. Este cenário pode levar o Copom a manter uma postura mais cautelosa. Na ata da reunião, o Banco Central indicou que “atualizações dos conjuntos de dados analisados serão particularmente importantes para definir o ritmo e a taxa terminal de juros”. Neste sentido, as curvas de juros já estimam uma redução menor (25bps), para os próximos cortes.
A continuidade e a velocidade da queda da taxa básica de juros no Brasil também dependem do ritmo da queda dos juros nos EUA e na Europa. Durante o mês, os dados econômicos dos Estados Unidos mostraram resiliência na atividade econômica, mercado de trabalho e na inflação. Diante desses dados, Christopher Waller, membro do FED (o Banco Central dos EUA) apresentou um discurso mais cauteloso, sugerindo menos cortes nesse ano do que havia mencionado anteriormente ou um início mais tardio. Waller chamou os números da inflação de “decepcionantes” e disse que deseja ver “pelo menos alguns meses de dados melhores antes de cortar juros”. Estes fatos aumentaram as incertezas dos economistas quanto ao início do corte, gerando maior volatilidade aos mercados.
Na Zona do Euro, os dados de inflação são melhores, resultando no primeiro corte de juros em país desenvolvido, realizado pelo Banco Central Suíço. O Banco Central Inglês não iniciou cortes, porém passou a demonstrar uma postura mais flexível. Cresce a expectativa de que o Banco Central Europeu (BCE) inicie corte dos juros em 25 pontos-base na reunião de junho.
As bolsas internacionais registraram retornos positivos durante o mês de março puxados, principalmente, por empresas de tecnologia. O índice Dow Jones subiu +2,08% no mês, acumulando +5,62% no ano, a Nasdaq, +1,79% no mês, acumulando +9,11%, e S&P +3,10% no mês, acumulando +10,16%.
Já a bolsa brasileira apresentou uma queda de -0,7% no mês, acumulando uma queda de -4,5% no ano. Pior desempenho no 1º trimestre de 2024 entre as principais bolsas globais.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) desacelerou no mês de março e apresentou alta de 0,16%, acumulando 3,93% no ano. O indicador veio abaixo da expectativa do mercado, que projetava alta acumulada de 0,25%. O grupo de educação foi o principal responsável por essa elevação. Alimentos e bebidas seguem em alta, problemas relacionados a questões climáticas fizeram os preços dos alimentos em geral, aumentarem nos últimos meses.
Recomendação: Mantemos posições de cautela, mas atentos a oportunidades. Considerando expectativa para taxa básica de juros ainda está alta e em linha com nossa meta, a preferência é concentrar investimentos em ativos de Renda Fixa que acompanhem a taxa de juros e a inflação (Imab-5).