Fran Nascimento tem MBA em Finanças pelo Insper e mais de 25 anos de experiência no mercado financeiro. Saiba mais aqui .
A diretora de Investimentos da Prevcom, Fran Nascimento, traça o panorama de como os mercados se comportaram em julho de 2022.
Mais um mês bastante desafiador para o investidor. Julho foi um período de alta volatilidade no mercado financeiro, tanto local quanto externo, e começa a melhorar as expectativas de cenário global, que vinham muito negativas. No Brasil, estávamos vivenciando uma fase de inflação galopante e agora caminhamos para um período de deflação, por força de medidas para controle de preços, principalmente, como a redução de impostos e alivio dos combustíveis.
O Federal Reserve System (FED), o Banco Central Americano, deve continuar elevando as taxas de juros para conter a inflação americana. No último 27 de julho, decidiu subir a taxa de juros em 0,75%, passando a oscilar entre 2,25% e 2,50% ao ano. Porém, o presidente do FED, Jerome Powell, mantém discursos de que altas de juros em ritmo de 75 pontos não são usuais e que o mais provável para a próxima reunião é reduzir esse ritmo. A recente rodada de divulgação dos balanços das empresas americanas traz sinais animadores de que a cadeia produtiva global está se normalizando. Considerando que agora é momento de observar os efeitos de suas últimas ações e seguir em um estágio cautela.
No Brasil, o Banco Central elevou a taxa básica juros em 0,50%, para 13,75% ao ano, deixando aberto para novos ajustes de menor magnitude na próxima reunião. É um período de vigilância da conjuntura econômica doméstica e global, e com possíveis passos futuros ajustados para assegurar a convergência da inflação para suas metas. O tom da reunião do Copom trouxe ao mercado uma sensação de que o ciclo de alta está próximo do fim. Mas não existe nenhum consenso quanto ao fim ou não do ciclo, parte acha que se encerra em 13,75% e parte acredita que + 0,25% na próxima reunião é provável. Principalmente influenciado pelo mercado internacional, o dólar fechou o mês de julho a R$ 5,17, com queda de 1,16%. No ano, tem desvalorização de 7,18%.
A Bolsa Brasileira apresentou uma correção significativa, fechando o mês em 103.164 pontos e alta de +4,69%, acumulando uma perda no ano de -5,99%.
Importante ressaltar que as ações brasileiras estão muito atraentes, sendo negociadas a cerca de 6X o lucro estimado das empresas, o menor múltiplo desde 2008, e abaixo das médias históricas. As ações brasileiras sofreram com o aumento das taxas de juros globais. Além disso, os preços foram puxados ainda mais para baixo quando os fundos locais tiveram de enfrentar resgates e foram forçados a vender indiscriminadamente. O mercado é unânime em dizer que a bolsa está “barata”, porém não há convicção sobre quando ela começará a avançar. Mas uma coisa é certa, quem aguardar alguns anos conseguirá acumular maiores retornos do que em Renda Fixa. Porém, é preciso estar preparado para suportar a volatilidade.
O índice IPCA do mês de julho registrou deflação fechando em -0,68% e acumulando 4,77% no ano. A deflação foi puxada, principalmente, pela forte queda dos preços administrados (-4,35%), com a redução dos preços dos combustíveis e da energia elétrica (redução dos impostos sobre estes bens).
Em resumo, considerando o cenário de incertezas doméstico e externo, somado à aproximação das eleições e ao nível atual das taxas de juros, seguimos sugerindo investimentos mais cautelosos, com maior concentração em títulos públicos ou outros produtos financeiros indexados à taxa de juros Selic/CDI ou inflação, mas de curto prazo (máximo com vencimento em 2025).
Oportunidade:
> Bom retorno real para estratégias pós-fixadas indexadas a taxa de juros ou inflação (curto prazo);
> Atento as emissões de papéis de bancos e empresas indexados à CDI + taxa de juros ou IPCA + juros (curto prazo).